quinta-feira, 21 de maio de 2015

Poesia Do Carteiro / Marcelo Faleiros * Antonio Cabral Filho - Rj

A POESIA DO CARTEIRO


Escrevi este poema em homenagem a um carteiro que passou por minha rua, e me ensinou o sabor de água fresca bebida na sombra de uma árvore.

JOÃO



João, carteiro de minha rua
Passos largos, longo caminho andado
Bolsa ao lado, sol na pele crua
Levando, quem sabe, um sonho de namorado.

Quantos recados, mal endereçados
Cobranças de mal pagadores
Encomendas e presentes esperados
Belas cartas de grandes amores.

Contas de luz, água, telefone
Extratos, contas de banco
Envelopes que vieram sem nome
A carta que a bela Maria espera a um ano.

E João a caminhar, talvez a pensar
Na importância da carta registrada
Da pressa pro telegrama chegar
E na notícia ruim, também a ser dada.

E o sonho de João?
Será que se gasta com o atrito da estrada?
Será que sobrevive a tanto escorregão?
Será que não foge com o cão que ladra?
Será que não derrete e se vai pelo chão?

João não desiste
João só resiste
E como quem leva um empurrão
Lá vai João a olhar para o chão.


                              Marcelo Faleiros ...
http://marcelofaleiros.blogspot.com.br/2011/08/poesia-do-carteiro.html
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